Intervenções

…usem o vosso escape criativo de todas as formas que vos forem possíveis, e se ainda não o descobriram fiquem atentos, sejam inquietos, não é possível termos sempre respostas mas podemos sempre questionarmo-nos!

Hoje, venho-vos falar de como me sinto feliz com a diversidade que existe na comunidade Bialógica. Desde a sua idealização, que pensei como gostaria que a loja fosse acolhedora para qualquer pessoa, e como seria importante as pessoas sentirem-se bem neste espaço onde também eu passo grande parte dos meus dias.

A terra ajuda-nos a reconectar com tudo o que está à nossa volta, descalcem-se, sintam a energia da terra entrar no vosso corpo, inspirem e expirem, desfrutem desse pequeno grande momento!

Oiço muitas vezes dizer que as pessoas que trabalhavam no campo, assim como os meus avós, queriam que os filhos estudassem para não ter a vida que eles tinham. O trabalho no campo é duro, mas acho que foi nessa geração dos meus avós que acabou por haver este afastamento do trabalho do campo, e agora eles dizem que ninguém se interessa (o que não é verdade), mas foram eles próprios que desejaram que os filhos procurassem uma outra vida diferente da deles.

E como nos dizem as velhinhas tão sabiamente: antigamente o trabalho era duro mas as pessoas eram felizes, hoje em dia está tudo em depressão. Não devemos deixar que assim seja, temos de cantar mais, temos de dançar mais, temos de ouvir mais os outros, temos de conversar mais, temos de brincar mais, temos de sorrir mais sem nos importarmos com o que os outros pensam, pois na verdade, toda a gente está desejosa de se libertar…

E porque razão referir estas duas atividades no mesmo artigo? Apesar de parecerem dois opostos, representam a realidade dos mês de Dezembro. Este é um mês para estarmos em família, fazermos atividades juntos, nomeadamente decorações e prendas de natal mais sustentáveis e com a participação e ajuda de todos (este é o lado direito do mês de Dezembro), mas é também um mês em que se gera muito lixo por causa dos presentes e das festividades (este é lado avesso do mês de Dezembro).

Não sei se é mundo dos cogumelos que é encantado ou se sou eu que sou encantada por eles, mas desde bem cedo que fazem parte da minha alimentação, e hoje estão presentes nela diariamente. Descobrir e fotografar cogumelos silvestres no campo é de uma liberdade imensamente prazerosa para mim. A descoberta deste mundo fantástico com uma grande diversidade são um fascínio. Mas descobrir os cogumelos silvestres comestíveis é outra aventura para outros olhos mais experientes que não os meus. Recordo as estórias alegres da minha mãe sobre as púcaras (Macrolepiota procera), naqueles tempos em que se andava mais a pé para ir para a escola ou ajudar os pais nos trabalhos de campo, e que quando fazia essas descobertas ganhava o dia (hoje escrevo este artigo após um aconchegante almocinho de púcaras). Mais recentemente deram-me a provar uma outra iguaria sem igual: os bonitos cantarelos cheios de sabor (cantharellus cibarius, na foto). As trombetas da morte (Craterellus cornucopioides), o cogumelo preto mais estranho e que mais receio tive em comer, apesar de não ser parecido a nenhum outro e por isso ser relativamente seguro comer.

Noutros tempos, quando alguém se sentia mal ou ficava doente, recorria ao que a Natureza lhe disponibilizava. A necessidade levava a que as pessoas fossem muito mais criativas que hoje em dia, e procuravam plantas por esses campos fora ou então do que tinham plantado nos seus quintais. E como me disseram um dia: “Agora já não se melhora, agora estamos constipados vai para o médico, quanto mais comprimidos agente toma, pior estamos (…).”