Intervenções

É uma felicidade ver as pessoas a procurar os alimentos por aquilo que eles são na sua verdadeira essência e não pela possível atratividade de uma embalagem. Comprar a granel é voltar ao que de bem se fazia noutros tempos com os conhecimentos que temos hoje, sempre com uma consciência de sustentabilidade.
E é tão mágico observar o olhar e sorriso das pessoas ao entrarem nesta loja, os seus elogios: que loja tão bonita, cheira tão bem…fico de coração cheio e sei que a Bialógica está no caminho certo.

Chega um momento em que percebemos que devemos parar e REPENSAR, começando a introduzir pequenas alterações ao nosso modo de agir diariamente. Aos poucos entendemos que ao RECUSAR algumas coisas, começamos a REDUZIR o consumo de produtos dispensáveis.
Começamos a despertar e a olhar ao que temos à nossa volta, pensando numa forma de REUTILIZAR algo, dando-lhe uma nova vida, e quando não é possível teremos de RECICLAR.
E por isso, este mês deixo-vos algumas dicas para que possam aos poucos introduzir pequenas mudanças que farão toda a diferença, pois haverá quem vos queira seguir o exemplo.

O nosso planeta tem tentado mostrar-nos que devemos alterar o nosso modo de vida e de consumo. O descarte do que na realidade nunca é mesmo descartado, fica para sempre a coabitar connosco no nosso planeta, e a verdade é que já estamos a ingerir microplásticos na nossa alimentação, o que nos mostra que o plástico já está por todo o lado e não desaparece porque o colocamos no lixo. Por isso devemos ter consciência ambiental, pensar na saúde das pessoas, dos animais e das plantas.

A Bialógica é um reflexo do meu jeito de pensar e ser, e por isso os meus avós estão aqui presentes de várias formas, todos eles são exemplo de força para mim e espero que todos vocês tenham tido oportunidade de conhecer e conviver com os vossos avós. Gosto de ouvir estórias de como se vivia antigamente, procuro ouvir o que os mais velhos nos têm para contar e ensinar através das suas conversas, e felizmente isso tem sido possível aqui na Bialógica.

E com os dias quentes a chegar, fico desejando que seja a altura de acompanhar a tirada de cortiça, daqueles dias que são passados com vagar no meio do campo com a minha avó. Como é bonito observar o sobreiro a dar a sua cortiça e os tiradores com a sua arte de o saber despir numa bonita dança de machados. E daqui a 9 anos voltará a dar-nos novamente a sua preciosa cortiça. Curiosa esta descoberta do homem e ainda mais incrível o que a natureza nos pode oferecer, se a soubermos preservar!

O vagar para não se fazer nada. O vagar para lançar a semente à terra e vê-las germinar uma a uma, relembrando-me como isto é bonito e como das pequenas coisas surge a vida. O vagar para sentir a natureza vibrar com esta nossa calmaria do dia a dia, o cante dos pássaros e dos grilos, observar novos animais que por aí andam livremente (o louva-a-deus unicórnio que está na fotografia, por exemplo). O vagar para observar o meu gato assumir-se como o pastor das tartarugas. O vagar para terminar de ler aquele livro. O vagar para descascar favas. O vagar para descobrir cassetes com memórias do meu avô a cantar, há mais de 20 anos, que eu nunca tinha ouvido, descobrir no cante dele (”no jardim dele”) a minha avó e o meu mano. O vagar para ouvir estes registos em aparelhagens e pôr as minhas costelas alentejanas a vibrar. O vagar para redescobrir o espaço exterior de casa, o seu jardim selvagem e o cheiro a Primavera a despoletar: rosmaninhos, malmequeres, marioilas, giestas…